domingo, 12 de dezembro de 2010

impressão superficial

como se fossem únicos
como se fossem muito poderosos
como se fossem bonitos
como se fossem superiores
como se fossem invencíveis
como se não fossem humanos

como se fossem deuses
como se fossem lendas vivas
como se fossem educados
como se fossem gentis
como se fossem interessados
como se fossem mudar o mundo
como se não fossem demagogos

como se fossem profetas
como se fossem entidades
como se fossem a única saída
como se fossem felizes e realizados
como se fossem bons
como se fossem sucedidos
como se não fossem uma escória enfeitada

como se não fôssemos capazes de perceber suas verdades
como se fôssemos tolos
como se fôssemos cegos
como se fôssemos retardados e imbecis
como se não fôssemos capazes de refletir, julgar e escolher
como se fôssemos inferiores
como se fôssemos descartados
como se não fôssemos importantes
como se nao fôssemos nós que os recusaram e esqueceram.

como

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

fim de inverno

dos dias frios
inverno castiga
agosto incerto
nos desafia
ao que é certo
sopa de capeleti
eau de toilette
sensibilidade disfarçada
afinal
é impossível ao gato
esquecer dos passarinhos

terça-feira, 7 de setembro de 2010

zoopsiquismo

Goza como uma égua
come como uma porca
vive como uma rata
ri como uma hiena
vestida como um corvo
usurpadora como um Anu
traiçoeira como uma gata
gorda como uma marmota
fedida como um gambá
inútil como uma pomba
lenta como uma preguiça
insignificante como uma barata
letal como uma cobra
repulsiva como um verme
ridícula como um macaco
vulgar como uma galinha
faceira como uma cadela
noturna como um morcego
desengonçada como uma pata
amiga como uma ursa
carniceira como um abutre
incansável como um tubarão
silenciosa como uma lagarta
antiga como uma dinossaura
matreira como uma loba
pegajosa como uma lesma
prevenida como uma formiga
futil como uma borboleta
repetitiva como um papagaio
furtiva como uma lagarticha
burra como uma anta
despreucupada como uma cigarra
tenaz como uma tartaruga
impacada como um burro
enturmada como uma piranha
dolente como um leão
ladra como um símio
desconfiada como um suricato
envolvente como um polvo
vampira como um mosquito
desumana como um Homem

sábado, 4 de setembro de 2010

Professor

Como um só corpo
todos juntos
uma missão
são tantas vontades
tantas intenções
cada qual tem seu valor
uma escola
um corpo
uma esmola
um morto
guerreiros cambaleantes
adoentados e obsoletos
não desistem da guerra
e nesse conhecimento
despercebem o movimento
as vezes reis
as vezes plebeus
tão sábios
tão perdidos
dinossauros errantes
num mundo de ignorantes
antropo alquimistas
refazendo a pessoa
loucos em agonia
gritando cidadania
magos encantados
cozinhando o passado nas panelas do futuro
e nao desistem
e não se acham
e não se amam
e não se largam
num país condenado
de fala invertida
de crença iludida
onde os loucos ensinam
quixotes dos moinhos do não perceber
traficantes perigosos
com a droga do saber
fantasmas sociais
em suas escolas catedrais
e não se entregam
e não se doam
e não se vendem
e não se compram
nadando contra corrente
queimando de dentro pra fora
bombeiros desequipados
apagando incêndios com lágrimas
zumbis mortos-vivos
soterrados de livros
todos juntos
agora vamos
um cai ali
outro levanta aqui
um não veio
outro chegou
um perdeu a fé
outro se converteu
escrevendo no escuro
se perdendo na memória
esfarrapados
desdentados
moribundos
marginalizados
soldados malditos
dos exércitos da razão
as vezes invisíveis
por vezes incensíveis
calados
falantes
odiados
amantes
eu vejo você
que não me vê
eu falo
voce não escuta
eu pego as armas
você não luta
eu revelo
você não acredita
eu problematizo
você simplifica
se vou você fica
se me ergo
você se senta
se trabalho
você não paga
se me distraio
você me mata
se escrevo
você nao le
meio nobres
mas sem cobres
meio navio
mas sem mar
meio passaro
mas sem asas
meio farol
mas sem navegantes
meio bíblia
mas sem seguidores
meio floresta
mas sem flores
meio pai mas sem criar
meio mãe mas sem gerar
nessa imensidão que é educar
o que não é terra é mar
o que não é paz é guerra
o que não é trabalho é vocação
o que não é pensado é de coração
o que não é par é solidao
o que nao cria é imitação
o que nao diz é silêncio
o que nao faz é futuro
o que não é doce é imaturo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sons binaurais

Fluidos nasais
mp3
dc 10
é salamandra
essa malandra
desintoxicação
superalimentação
sem carinho
com caminho
não deixe a luz cegar você
antes de me ver como sou
chocalate na madrugada amarga
badulaques pela estrada
olhar vivo
mão morta
tocar furtivo
não importa
king size
long neck
x, y e z
erotismo
subúrbio
e patê
é tanta dor
são tantas coisas
e esse céu preto de poluição
co2
pistas falsas
parasitas
sexistas
contra qualquer razoalidade
lamúrio
tragédias
maus-tratos
corrupção
desinformação
multi-mídia
e uma gente que não serve pra nada.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Resignado

Cumpro calado
prisão domiciliar
nao tive defesa nem advogado
anunciaram a sentença e deram as costas
magistrados corruptos
em cortes desonrosas
e vocês
são mais tolos que cães de rua
se não sabem do que falo
deviam cuidar mais
a quem ensinam seus truques
discípulos dissimulados
criarei outros monstros
corvos pra me arrancarem os olhos
não posso deter o meu curso
pois se estão com sede
sou uma nascente inesgotável
se agem nas sombras
é porque sou luz
se são a consequência
sou a causa e a finalidade
se são doença
sou cura
se querem roubar
eu lhes doo
se são mineradores
sou jazida
se me seguem
é porque vou na frente
se querem me matar
é porque sou todo vida

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Caminhava

Pelas ruas
e não sabia aonde ia
caminhava
e nem olhava para os lados
só via os paralelepípedos
fugindo de mim
como num muro
tombado e sem fim
ia andando
mas não estava fujindo
nem mesmo partindo ou chegando
só estava andando
caminhando e pensando
e seguindo a intuição
somos todos diferentes
irmanados ou não
um pé após outro
um dia se foi
e logo outro virá
caminharei sempre
mais preocupado
com o percurso do que com o destino.

sábado, 31 de julho de 2010

fragmento de Cabeça de Antonieta para o teatro"Chat"

tá afim de quê
só se for agora
teu nick é estranho
tc de k bairro
22, idade ou centimetros, kkk
gosto de ursos, javalis, guinus, ratos, menos veado
tem chulé, tenho tara por chulé
tem outra foto
msn
tem orkut
ativo mas transa de calcinha, sei...
loiro, malhado, pauzão, cuzão e olho turquesa
ké uma barbie vai nas americanas
topa sem capa veio
pra ser rei tem k ter uma coroa
desde um bom papo até atolar o pé na jaca
vo komeça passando só o cabeção
tem gente aki não rola
verssatil
zona norte
zona sul
gatinha
cachorra
vai gemê na vara do pai
magro
preto
na minha
na tua
delícia
k tesão meu
moro sozinho
to no vizinho
não saio no domingo
te pego no sábado

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Genet

Raios de luz
numa tempestade invisível
secam as vontades,
vida sem vida,
ilusão que vem e abraça
meu corpo semi-vivo,
ventos de sal
palatalizam o insalobro do dia,
impérios e afazeres
conquistados pela dolência,
calores e imperfeições
quantas vezes ainda
palavras áridas
num falar fértil,
cessam as horas,
cessam os desejos,
corpo doente,
e agora,
pra onde foram todos,
angustia suave
salas vazias
sepulcro arbóreo
que invade a casa,
noite que acalma
não chega,
umidade perversa
num equinócio sem fim,
paisagem que impede o conforto,
almas inconstantes
não econtram sossego,
sigo em frente
empurrado pela fraqueza
perdi o amanhã
e dia-a-dia
digo o que não quero dier,
me preparo para o  pior
mesmo sabendo que ele nao virá,
administro minha  sanidade
e torturo respostas
 no escuro do sótão.

domingo, 4 de julho de 2010

vidros

por trás dos vidros
reflexos de vontades
transparência que ilude quem vê
mas não quem sente
distorção da luz
teu rosto estagnado
teu olho vítreo
persiana que pesponta teu susto
meu espanto
que acordam de um pesadelo
juntos
quase dor
quase horror
quase amor
por trás dos vidros
arquétipo, cabala, epifania
protegido da ventania
assolado por agonia
vidro que protege
alma que se isola
vidro que congela
alma que evapora.


quarta-feira, 30 de junho de 2010

ruídos

Seja pontual
escove os dentes
peça licença
remova as manchas
não odeie
seja tolerante
baixe a tampa
peça desculpas
pague as contas
seja paciente
colabore com o troco
de passagem
passe desodorante
seja gentil
não pragueje
puxe a descarga
agradeça
não roube
lave a louça
seja compeensivo
atravesse na faixa
ponha no lugar
proibido fumar
peça por favor
não jure em vão
durma 8 horas
acorde cedo
não tenha medo
não use alvejante
seja tolerante
apare as unhas
apague as luzes
poupe água
seja condecendente
passe protetor
não guarde no calor
cozinhe no vapor
faça a barba
respire fundo
conte até dez
não julgue
sorria você está sendo filmado
proibido estacionar
mão dupla
cumprimente
proibido ultrapassar
saída de emergência
diga não a violência
beba com moderação
ande
pare
animais na pista
fiado não incista
não seja racista
seja previdente
recado urgente
não seja descrente
tente invente
dê bom-dia
diga adeus
olhe nos olhos
de seis em seis
pra ontem
oil free
0% de gordura trans
light
diet
não contém glúten
frágil
este lado para cima
tome vacina
beba urina
lave as mãos
em dias úteis
não há vagas
pra levar
impróprio para mebnores
sob nova direção
pega ladrão
15 minutos de fama
nada é eterno
da vida nada se leva
consumir em 3 dias
dia sim dia não
vai subir
desce
capacidade máxima
velocidade permitida
empurrar com a barriga
olho branco
ouvido de mercador
qual é o valor
quanto pesa
quanto mede
obedece quem tem juízo
aviso
errata
greve geral
mão na parede
o peixe pro fundo da rede
segredo
escândalo
lave a seco
alerta
convocação
aliste-se
compareça
baixe
compre
salve
delete
brilho, semi-brilho e fosco
não se bate no rosto
sirva-se a gosto
taxa
imposto
contribuição expontânea
voluntariado
pega o veado
sem açucar
sem sal
sem vergonha
contém fibras
prazo
multa
spc
cerasa
a fogo e brasa
feito a mao
made in china
100% algodão
ashuashuashua
kkkk
XD
hd
lcd
led
banda larga
pista da direita
progressistas
socialistas
capitalistas
suicidas
110 e 220
cheque especial
corrida espacial
especialidade do dia
sugestão da casa
usb
hdtv
h1n1
h2o

do pó ao pó
doremifasollasidó
quilos
toneladas
megabites
carbon free
radicais livres
terrorismo
altruísmo
te benze
sai da frente
chama a polícia
procon
meprazol
não se dá peixe mas o anzol
spray
aerosol
roll on
tetra- pak
rediscagem
sacanagem
corrupção ativa
sexo passivo
aperte o cinto
das 9 as 5
reduzir velocidade
reinicializar
reset
volte
sujeito a chuva
contém suco natural de uva
a esquerda
stand bye
bye bye.

do verão II

retorno ao lado sul do pier
o sol por trás de uma gase de nuvem
insustentável e protetora
Depeche Mode
a revista Mode
tik tok sem relógio
a água salgada secando no corpo
idosos se alongam
a visão se estreita
por entre os vãos já posso partir
num barquinho azul de Iemanjá
good life
bad romance
uma coisa boa
a melhor coisa
coisa nenhuma
Sain Etienne
davene
irene
rindo por dentro e chorando por fora
me solto nas águas
o líquido me envolve e açoita
já não sou eu
sou um peixe morto
o guardião do fóssil
uma fera aparentemente abatida
volta ao mar
saio de mim
nunca estive em ti
esqueço deles
e procuro por nós.

terça-feira, 29 de junho de 2010

do verao I

sol raiando pos festa
a praia adornada
com guirlandas de oferendas
barquinhos, perfumes
pentes e sabugos de milho
por entre os pilares da plataforma
o sol como um ouro
derretendo o horizonte
a maré que sobe
com sua língua incansável
tentando alcançar meus pés
logo ali me benzi
com a água da fonte do amor
reverência pra Iemanjá
a dona da praia
cadeira a sombra
da construção confusa e feia
que só mesmo o mar disfarça
pescadores como formigas
sentei-me bem no caminho
entre um lado e outro da plataforma
escondido do sol
mas nao dos olhartes
nem dos bom-dia de alguns estranhos
no horizonte
ainda o fog matinal
fazendo a cena parecer um quadro de Monet
a senhorita
o idoso
o cão negro
a menina com o pai
o corredor
as gordinhas
o casal de mãos dadas
a água enfim me alcança
gelada e gentil
vento nordeste
águas de cristal
verde oliva aquarelado
e eu aqui
a sombra do fóssil
a polataforma
como um grande espinhaço exposto de dinossauro
há muito derrotado
com uma boca banguela e alitosa
a cuspir esse mar
que sempre avança
e não sai do lugar
um movimento
que vem de longe
que não é meu
e que não para
que atrai e repele
que me assusta e diverte
eu recuo
ele avança
uma velha revira uma oferenda
o som de um piano no mp3
torna tudo um filme
meio anima planet
meio novela das oito
meio conto de fadas
meio costa gavras
meio beverly hills
meio melrose placed
meio will sem grace
um musical holywoodiano
e já estamos dançando
um corpo de baile capenga
sincronizado e cambaleante
meio divino meio profano
meio mágico meio sem graça
a quarentona sarada
o adolescente com seios
a loira esperta
a morena burra
o pescador impaciente
as crianças indóceis
a anã de maiô
a velha de bikini
o chimarrão
o milho
miséria e carro importado
fé e descrença
os guarda-sóis já vão abrir
os salva -vidas já vão chegar
a conversa com o cão
e o silêncio das pessoas
o surfista tardio
e o vendedor de doces
o aposentado com jornal
e um homem sujo
meio pescador meio indigente
meio achado meio sem rumo
meio pedindo meio ofertando
a maré baixou
o sol subiu
janeiro se foi
fevereiro sorriu
o yorkshire e o guaipeca
a loira e o negro
tudo junto agora.

há dias
k nunca existiram
e dores
k nunca curaram
há planos
k nunca se realizaram
e revelações
k nunca foram ditas
há horas
k jamais passaram
e fotos
k n inguém viu
há prazeres
k nao foram sentidos
e segredos
k não se ousou revelar
há beijos
k ainda dormem nos lábios
e motivos
k nunca foram explicados
há desculpas
k jamais foram pedidas
e sóis
k jamais raiaram
há livros
k nunca foram escritos
e corpos
k nunca tiveram alma
há âncias
k não tiveram calma
e um continente
k ainda não foi encontrado
há uma verdade
k nunca foi questionada
e uma história
k ninguém contou
há um eu
k nunca nasceu
e um eu
k nunca morreu.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

inesquecível

o improvável
se tornara rotina
o impossível
ali, disponível a todos
o incrível
atirado num canto da sala
o inenarrável
abrindo o bico
a incerteza
tinha chegado a uma conclusão
a incompatibilidade
de beijos no sofá com a solidão
o inconformismo assistindo a novela de pantufas
a incapacidade fazia uma faxina na cozinha
a improbabilidade
disse que vinha e veio
a ingratidão
mandara um cartão de desculpas e flores
o inconcebível
ligou marcando um encontro
o indiável
mandou e-mail dizendo k não vinha
o incansável
cochilava na poltrona
o irrecusável
recusou-se terminantemente
o interminável
gritou fim
a indecisão
saltou e abriu um champanhe
a imperfeição
com a maquiagem corretíssima
a incomunicabilidade
falava pelos cotovelos
a impaciência
lia uma revista displicente
a injuria
contou toda a verdade
a tristeza
ria bêbada com a infelicidade
foi o inesquecível
que me contou essa história
mas não conseguiu lembrar de tudo.









domingo, 27 de junho de 2010

nada adiantou

cercou-se de velas
colou santinhos nos móveis
pendurou medalhas no peito
imagens de santos nos quadros
um cristo no porta retrato
cristais, brancos, pretos, rosas...
colocou uma maçã para os gnomos
fita do senhor do bomfim no pulso
escapulário
São ento na mochila
Aparecida na estante
Iemanjá na cabeceira
Santo Antônio no criado mudo
Shiva ao lado da tv
uma flor amarela pra Oxum num vaso
ao lado dos gatinhos japoneses da sorte
nossa Senhora na porta
os dedos em figa
ferradura embaixo da cama
pé-de-coelho no chaveiro
pentagrama desenhado no chão
incenso de sete ervas
benzeu-se
rezou um Pai-nosso
fez o sinal da cruz
fez daimoku
e nada adiantou.

sábado, 26 de junho de 2010

a noite dos espelhos

o mar
cio das águas
em marés pos humanas
negou a mim
moradia e aconchego
e em ondas textuais repetia
e agora, e agora, e agora
neste mesmo dia
despido da sanidade
não suportava minha própria visão
nos espelhos da casa
como vampiro
fujindo da cruz
como demônio
apavorado com a luz
eu, nu e desarmado de minhas mentiras
tentava escapar
dos reflexos impiedosos
minha face desconhecida
meu olho k me olhava
sentenciava silêncios
aos crimes k eu não keria ouvir
um cigarro na mão trêmula
com uma fumaça serpenteante
k escrevia mantras no ar denso do quarto
janelas trancadas
vida confinada
repetição da repetição
as mesmas hipóteses
os mesmos amanhãs
carossel angustiante
minhas certezas
girando sem graça
no mesmo lugar
um cortejo de zumbis
uma nuvem de morcegos
um banquete de escrementos
um gosto de fel na boca
o amargo da palavra não dita
num ato de bravura
k só depois vi k era loucura
sai pela casa
quebrando todos os espelhos
triturando
moendo para k nao mais refletissem
ironicamente
esgotado e ferido
ainda pude ver através dos minúsculos cacos
a mim
fragmentado
deformado
desmembrado
vítima e algoz
herança e herdeiro
pedra e pedreiro

o korpo

acharam-na morta
estava na cama
tinha na mao dirteita uma torta
e na esquerda uma lata de fanta uva
parecia estar dormindo
mas ja estava partindo
encontraram 78 baganas de cigarro numa gaveta
uma echarpe com catarro
e um desodorante na buceta
a expressao era de felicidade
mas morreu de tristeza
havia uma sacola de super cheia de coco
e lenços escondidos com sangue num tricô
a tv ainda ligada na VH1
um exame positivo de HIV
acharam um feto na tulha
e um boneco
com a foto de um homem
enterrado por uma agulha
o cheiro era de orquidea e morte
havia uma bussola sem o norte
e um celular com memoria apagada
a alguem k esta sofrendo e nao me deixa ajudar


sei k sofres
ao longe
ouço teu pranto
tao longe
nao posso te segurar
e a queda é iminente
a tragedia que se abateu
a morte k invade
sem cerimonias

a aginia de nao ter certeza
acordava aos gritos
o dia k chora em chuva
todo o sentir
deste momento
se lembro de ti
tb choro
quem mandou amar

a chuva chega


mansa e benéfica


as plantas gargalham


nesta manhã louca de inverno