quarta-feira, 8 de setembro de 2010

fim de inverno

dos dias frios
inverno castiga
agosto incerto
nos desafia
ao que é certo
sopa de capeleti
eau de toilette
sensibilidade disfarçada
afinal
é impossível ao gato
esquecer dos passarinhos

terça-feira, 7 de setembro de 2010

zoopsiquismo

Goza como uma égua
come como uma porca
vive como uma rata
ri como uma hiena
vestida como um corvo
usurpadora como um Anu
traiçoeira como uma gata
gorda como uma marmota
fedida como um gambá
inútil como uma pomba
lenta como uma preguiça
insignificante como uma barata
letal como uma cobra
repulsiva como um verme
ridícula como um macaco
vulgar como uma galinha
faceira como uma cadela
noturna como um morcego
desengonçada como uma pata
amiga como uma ursa
carniceira como um abutre
incansável como um tubarão
silenciosa como uma lagarta
antiga como uma dinossaura
matreira como uma loba
pegajosa como uma lesma
prevenida como uma formiga
futil como uma borboleta
repetitiva como um papagaio
furtiva como uma lagarticha
burra como uma anta
despreucupada como uma cigarra
tenaz como uma tartaruga
impacada como um burro
enturmada como uma piranha
dolente como um leão
ladra como um símio
desconfiada como um suricato
envolvente como um polvo
vampira como um mosquito
desumana como um Homem

sábado, 4 de setembro de 2010

Professor

Como um só corpo
todos juntos
uma missão
são tantas vontades
tantas intenções
cada qual tem seu valor
uma escola
um corpo
uma esmola
um morto
guerreiros cambaleantes
adoentados e obsoletos
não desistem da guerra
e nesse conhecimento
despercebem o movimento
as vezes reis
as vezes plebeus
tão sábios
tão perdidos
dinossauros errantes
num mundo de ignorantes
antropo alquimistas
refazendo a pessoa
loucos em agonia
gritando cidadania
magos encantados
cozinhando o passado nas panelas do futuro
e nao desistem
e não se acham
e não se amam
e não se largam
num país condenado
de fala invertida
de crença iludida
onde os loucos ensinam
quixotes dos moinhos do não perceber
traficantes perigosos
com a droga do saber
fantasmas sociais
em suas escolas catedrais
e não se entregam
e não se doam
e não se vendem
e não se compram
nadando contra corrente
queimando de dentro pra fora
bombeiros desequipados
apagando incêndios com lágrimas
zumbis mortos-vivos
soterrados de livros
todos juntos
agora vamos
um cai ali
outro levanta aqui
um não veio
outro chegou
um perdeu a fé
outro se converteu
escrevendo no escuro
se perdendo na memória
esfarrapados
desdentados
moribundos
marginalizados
soldados malditos
dos exércitos da razão
as vezes invisíveis
por vezes incensíveis
calados
falantes
odiados
amantes
eu vejo você
que não me vê
eu falo
voce não escuta
eu pego as armas
você não luta
eu revelo
você não acredita
eu problematizo
você simplifica
se vou você fica
se me ergo
você se senta
se trabalho
você não paga
se me distraio
você me mata
se escrevo
você nao le
meio nobres
mas sem cobres
meio navio
mas sem mar
meio passaro
mas sem asas
meio farol
mas sem navegantes
meio bíblia
mas sem seguidores
meio floresta
mas sem flores
meio pai mas sem criar
meio mãe mas sem gerar
nessa imensidão que é educar
o que não é terra é mar
o que não é paz é guerra
o que não é trabalho é vocação
o que não é pensado é de coração
o que não é par é solidao
o que nao cria é imitação
o que nao diz é silêncio
o que nao faz é futuro
o que não é doce é imaturo.