sábado, 1 de junho de 2013

Renascimento

Acordo morto
da noite falecida
dos versos que não respiram.
E sigo morto, pelo dia,
vitimado por esperanças
mandando pêsames.
E tudo que me toca
já não sente
e me somem as forças
como vapores 
de um café barato.
E tudo em mim
se faz pranto e desfazer,
meus demônios 
soltos por aí
a brincar.
E logo
vem a noite
assassinada de vontades
povoada de cadáveres
pomposos e resignados.
E me enterro
e sepultado fico
em toneladas de terra
desapropriadas e invadidas,
sem escritura
e sem direito.
E tudo que morre
leva consigo essa culpa
em desapegados suspiros
que libertam a alma.
E morro
na madrugada amordaçada
enquanto se desfazem os laços,
e se descola a carne dos ossos.
E minha matéria
se deteriora e se reorganiza,
escarro o podre dos equívocos
e se despendem
mucos e pedras
dos órgãos triturados
pelas tardes esquecidas.
E um vapor
foge das narinas dilatadas
e dança nas pupilas
rasgadas de sol
e tudo se desfaz num clarão.
A morte branca
me carregando rio acima
onde eu desejava estar.
E a vida
se reconduz
e sentada no próprio túmulo
não se reconhece,
não lê o epitáfio,
mas decora calma 
o mausoléu
e parte 
sem olhar
para trás.


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