sábado, 12 de maio de 2012

A Pele

A pele
em que eu habitava
vestia um corpo intranquilo
de carnes estonteantes
que me agonizavam e seduziam.
Essa pele
que não sei de onde veio
que me vestiu
e escondeu minha identidade
esse corpo das alturas
de desejos subterrâneos
essa carne quente
meio sem fé
meio demente.
Tua mão
minha pele
o meu não
não repele
o tato que não atinge.
E eu fecho os olhos
e a pele me diz coisas
ela me fala de ti 
e me confunde até os ossos.
Essa pele
uma roupa que me impuseram
se desmancha aos poucos
e já não cobre, não protege.
A pele mente
o toque descrente
a carne que odeia a pele
esse tecido de medos
esse pano de carne
que arde
mesmo sem vê-lo
a pele e o pelo
o apelo à carne
que na tarde sem tê-lo
desvela o desejo
pela pele
pela carne
pela tarde que acaba
pela noite que não chega.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

não seja tímido

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.